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O Jornal nessa edição de abril de 2024 repete uma matéria que foi sucesso no ano de 2020.

O Nossa História Arena, corre atrás da história e res[1]gata o transporte que iniciou o crescimento da nossa cidade. Há quem defenda que a origem do nome “Bonde” vem de um cônsul norte-americano, Outros sugerem que é derivado de Eletric Bond & Share, nome de uma das empresas que exploravam o serviço no Brasil. Mas a versão mais aceita é que viriam dos bilhetes emitidos pela Botanical Garden Railroad no Rio, os chamados bonds - títulos de dívida, em inglês.

Vamos mergulhar, ou melhor, vamos trilhar na linha do tempo e saber um pouco da história dos bondes que cortavam a cidade de norte a sul e de leste a oeste, superando, inclusive, a extensão do metrô que circula atualmente.

Tudo começou em 1902 com a inauguração das primeiras linhas de bonde elétrico na capital, que serviam o Quartel (1º Batalhão), Mercado, ruas Ceará e Pernambuco.

1903 - Inauguração do primeiro abrigo de passageiros, localizado na avenida Afonso Pena, esquina com rua Ceará.

1905 - Inauguração de duas novas linhas para os bairros Serra e Floresta.

 1906 - Inauguração das linhas da Santa Casa e Prado Mineiro, além de três ramais de uso exclusivo da Prefeitura, para o Matadouro, Almoxarifado e Armazéns da Central do Brasil. São adquiri[1]dos mais dois bondes de passageiros, além de um para o transporte de carne e três vagões de carga.

1907 - O sistema conta com oito bondes elétricos, 24 km de trilhos e sete linhas em operação: rua Ceará, rua Pernambuco, Mercado, Quartel e os bairros Floresta, Prado e Serra. Inauguração do abrigo na Praça Diogo de Vasconcellos, atual Savassi.

1908 - O sistema contava com 10 bondes. São inaugurados dois prolongamentos, o primeiro na linha do Prado até o portão de entrada, o segundo na linha da avenida ama[1]zonas, ligando a avenida Afonso Pena à Estação da Central do Brasil. Construção de um bonde de luxo fechado, reservado às autoridades, construído em “peroba e canella”.

1909 - No dia 25 de março, depois de uma série de pedidos, inauguração da linha da Lagoinha.

1910 - A cidade contava com 33.245 habitantes. Inauguração do novo edifício da Agência de Bondes, deno[1]minado Viação Elétrica, localizado na Avenida Afonso Pena, esquina com rua Bahia. Diversas linhas passaram a fazer ponto final em frente à agência, onde os passageiros realizavam baldeação.

1911 - O sistema contava com 15 bondes de passageiros.

1912 - O sistema conta com 30 km de linhas, incluso desvios e linhas duplas, 39 bondes elétricos, 32 reboques e cinco bondes de carga, transportando nesse ano 5.037.922 passageiros.

O município de Belo Horizonte contava com 38.822 habitantes. A área central apesar de abrigar cerca de 1/3 da população era onde se encontravam a maioria das linhas de bonde. Em dezembro, início da duplicação da linha da Floresta, a partir da rua Caetés, no cruza[1]mento da rua Bahia e avenida Amazonas. A linha da Floresta é a de maior movimento.

1913 - O sistema conta com 39 km de linhas. São realizados estudos para implantação da linha da Faculdade de Medicina. Os moradores da colônia Carlos Prates, atra[1]vés de abaixo assinado solicitam a implantação de uma linha de bonde para o bairro.

1914 - Em janeiro, início da duplicação da linha da avenida Paraná. Em fevereiro, início da construção de nova linha entre a rua Ceará, passando pela rua Piauí até o recém inaugurado Colégio Anglo Mineiro, no bairro da Serra.

1915 - No dia 18 de março, inauguração da linha de Carlos Prates.

1919 - 4 novos bondes foram acrescidos à frota. Implantação de 3 km de novas linhas de bonde. Duplicação de 8, 215 km de linhas e substituição de 7, 470 km de trilhos comuns pelo tipo de fenda. Duplicou-se o número de bondes em serviço. Construção na avenida São Francisco das oficinas e depósito dos bondes, desocupando a Praça Benjamin Constant, que obstruía a avenida Affonso Penna, interrompida num longo trecho.

1920 - O município conta com população de 55.563 habitantes.

1923 - Inauguração da primeira linha de auto-ônibus da capital, visando suprir a carência do atendimento dos bondes aos bairros não atendidos. Em outubro já operavam quatro linhas.

1924 - Prolongamento da linha da Floresta, pela avenida do Contorno até o cruzamento da rua Hermilio Alves no bairro de Santa Tereza. Prolongamento da linha da avenida Paraná, desde a Praça 12 de Outubro até o cruzamento com a rua Bernardo Guimarães. Prolongamento da linha do Matadouro até a estação Arrudas (Santa Efigênia), formando o tráfego definitivo com a linha da Lagoinha. Inauguração de novo ramal até o Mercado no bairro de Funcionários, modificando o traçado da linha Pernambuco e criação da linha circular.

1926 - Em janeiro, a Prefeitura aprova dois novos projetos de construção de linhas de bonde, apresentados pela Companhia de Eletricidade. A primeira linha, em direção ao Quartel do Quinto Batalhão de Polícia, parte do terminal da linha da Floresta, na esquina da avenida do Contorno com rua Hermílio Alves, seguindo por esta rua até a rua Mármore, seguindo por esta até a frente do dito quartel. A segunda linha, que é a modificação da linha Circular, parte do cruzamento da rua Aimorés com rua Espírito Santo, seguindo pelas ruas Espírito Santo, Emboabas, Bahia e Carangola, até o cruzamento com a rua Congonhas, em frente a Caixa d’água do Cercadinho.

1928 - Depois da instalação do Departamento de Bondes em 1926, foram construídas 5, 550 km de novas linhas e construídos 13 bondes. Mas, devido à seca, reduziu-se o número de bondes em operação, obrigando a prefeitura a implantar linhas de auto-ônibus para suprir a carência do serviço. Foram comprados ônibus usados e criadas oito linhas com tarifa de 300 réis. Cada veículo tinha capacidade para 27 passageiros, sendo proibido o tráfego em pé. Dentre os bairros atendidos por bondes, somente o Calafate não foi beneficiado. Foram criadas as seguintes linhas: Praça da Liberdade, Prado, Quartel, Serra, Carlos Prates, Floresta, Santo Antonio e Lagoinha. O serviço foi extinto em dezembro, com a chegada da estação chuvosa, normalizando o fornecimento de energia elétrica e os bondes voltam a operar com 52 carros, sendo 40 bondes elétricos de passageiros, oito reboques de passageiros, dois carros elétricos para o transporte de carne, um para água e uma prancha.

1929 - No perídio 1926-1929 as linhas são estendidas para os bairros Santo Antônio, Gameleira e Vila Progresso, atual Padre Eustáquio. A tarifa do bonde sofre o seu primeiro reajuste em toda a história, passando de 100 para 200 réis.

Nesse ano houve a criação do serviço de segunda-classe, com tarifa reduzida, assim como acontecia nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

No dia 5 de outubro aconteceu a assinatura do contrato de concessão dos direitos de exploração dos serviços de geração, distribuição de energia elétrica e de bondes à Companhia Força e Luz de Minas Gerais - CFLMG, através da Sociedade Anônima Empresas Elétricas Brasileiras, subsidiária da Amfop, empresa de capital norte-americo.

1930 - População de 116.981 habitantes. Operavam as seguintes linhas: Calafate, Gameleira, Pernambuco, Carlos Prates, Serra. Bonfim, Lagoinha, Floresta, Santa Thereza, Santa Efigênia, Cruzeiro, Arrudas e Santo Antônio. No final do ano, antes do Natal, conclusão da implantação de novo ramal na avenida Augusto de Lima, até o Mercado, que entrou em operação somente em 1931 - Inauguração da linha Avenida Progresso. Em agosto, início do tráfego de bondes pelo viaduto de Santa Teresa, suprimindo a passagem em nível dos bondes com os trilhos da estrada de ferro, e do tráfego pela Rua Caetés.

1936 - Inauguração de novo ramal para o bairro Renascença. Inauguração do Viaduto da Floresta.

1937 - Inauguração de dois novos abrigos no entorno da Praça Sete de Setembro, no centro da cidade. Com a inauguração dos novos abrigos, é demolido o antigo prédio da Agência de Bondes, inaugurado em 1910, no cruza[1]mento da rua Bahia.

1940 - O município conta com população de 211.377 habitantes.

1941 - Inauguração de novo ramal, com 3 km de extensão, para o bairro Santo André, após a abertura da pedreira Prado Lopes.

Entre 1941 e 1942 entram em circulação quatro bondes fechados, sendo apelidados de “Camarão” e “Pássaro Amarelo”, visto dois veículos serem pintados de vermelho e outros dois de amarelo.

1942 - Devido a escassez de combustível, ocasionada pela dificuldade de importação gerada pela Segunda Guerra, torna-se proibido a circulação de veículos particulares.

1945 - No período 1945-1946 mais 14 bondes usados foram trazidos dos Estados Unidos e montados nas oficinas da Companhia Força e Luz, recebendo novas carrocerias.

1947 - Inauguração do ramal da Pampulha. Nos anos 40 são implantados novos ramais para o Carmo, Pedro II, Cachoeirinha, e prolongada a linha da avenida Progresso. Esse ano marcou o apogeu do fluxo de passageiros, quando transportou cerca de 73 milhões, com frota de 75 bondes e 73 km de linhas. A partir daí inicia-se o sucateamento da frota de bondes promovido pela própria CFLMG e o aumento gradativo da participação dos ônibus no transporte coletivo.

 1949 - A fim de se evitar o colapso no sistema de transportes, a Prefeitura encampa o serviço de bondes operado pela CFLMG.

1950 - População de 352.724 habitantes. É criado o Departamento de Bondes e Ônibus (DBO), encarregada de coordenar e regular o sistema de transporte coletivo. Os bondes deixam de circular pela avenida Afonso Pena, sendo criado um serviço para substituí-los. São retirados os pontos de bonde na Praça Sete, e demolidos os abrigos norte e sul, sendo construído o abrigo “Santa Thereza” no local antes ocupado pela Agência de Bondes (Viação Elétrica), construído em 1910 e demolido em 1937. Nesse ano inicia-se a operação de um bonde especial bagageiro, para o transporte de bagagens com dimensões superiores ao permitido, circulando em trajetos e horários afixados no ponto final de cada linha. Prolongamento das linhas do Carmo, Lourdes e Carmo.

1951 - Prolongamento das linhas Cruzeiro, Santa Thereza e Carmo. O sistema contava com 87 bondes. Américo René Giannetti assume o cargo de prefeito, defendendo a substituição por completo do sistema de bondes pelos trólebus. Apesar do discurso, ele ainda inaugura a última linha do sistema para Ozanam, alegando ser uma antiga reivindicação da população.

1952 - Prolongamento da linha Dom Pedro II.

1953 - Prolongamento da linha Padre Eustáquio.

1954 - Suspensão do serviço da linha Floresta.

1955 - O sistema conta com 87 bondes e 20 linhas em operação.

1957 - Cerca de 60% da frota se encontrava recolhida nas oficinas a espera de aquisição de peças para reparos. Somente 25 bondes permaneciam em ope[1]ração.

1958 - Erradicação da linha na rua da Ba-hia, sendo o tráfego desviado para a rua Per-nambuco. 1959 - O sistema conta com 19 linhas e 44 bondes em circulação.

1961 - O sistema contava com apenas oito bondes em circulação, atendendo aos bairros mais populosos.

1963 - Erradicação total do sistema, sendo as últimas linhas desativadas as que serviam os bairros Cachoeirinha, Gameleira, Bom Jesus, Horto, Padre Eustáquio e Cidade Ozanam.

São muitas as representações do saudoso veículo. Uma imersão na história dos bondes é uma viagem nos tempos e costumes de décadas distantes que marcou a história de BH.

 O tal do bonde era um meio de transporte democrático, poucos tinham carro. O lema da época era: “Onde chega o bonde, chega o progresso”. Recordar é viver!

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